Entenda mais sobre a metodologia BIM e como ela transforma seu projeto
O setor da construção civil certamente é um dos maiores e mais determinantes no que diz respeito a produção de novas tecnologias e metodologias para aperfeiçoamento. E hoje, o estado da arte nesse setor certamente é a metodologia BIM, que reúne ao seu redor todos os profissionais relacionados ao ciclo de vida de uma obra, vale a pena conhecer mais de perto essa realidade.
O que é BIM? Entenda a metodologia:
Muitas pessoas costumam pensar que BIM, ou Modelagem de Informação da Construção se trata unicamente de uma tecnologia de software, mas na realidade seu conceito é muito mais amplo. Entender o que é BIM envolve conhecer toda uma metodologia, seus propósitos e sua história.
Mas podemos afirmar, grosso modo, que a metodologia BIM é um conjunto de tecnologias, práticas e fluxo de trabalho que buscam ampliar de maneira paramétrica a visualização da maior quantidade possível de informações a respeito de um projeto.
Essas informações compreendem todo o ciclo de vida de uma obra, e sua representação digital contém informações relacionada a aspectos físicos e funcionais, que podem ser acessados, integrados, monitorados e retificados com dados que auxiliem o serviço de projetistas, arquitetos, engenheiros, construtores, decoradores, corretores e quem quer que interaja com o projeto.
Essa metodologia oferece uma transformação na maneira como todas essas partes interagem no projeto. Através desse modelo de execução é possível determinar:
- Informações topológicas sobre a edificação
- Volume de insumos necessários para a construção
- Detalhes orçamentários da obra
- Ordem das ações a serem tomadas no projeto
- Cálculo e possibilidades energéticas no projeto.
A história da metodologia BIM
Apesar de parecer algo futurista, essa metodologia tem seu embrião nos anos 70, quando a demanda por meios de aumentar a integração para além das modelagens em CAD cresceu, adicionando informações importantes para que os diferentes profissionais envolvidos nos processos de desenvolvimento do projeto pudessem agregar mais informações aos desenhos.
A equipe do professor Chuck Eastman, da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, passou a trabalhar no chamado BDS (Sistema de Descrição da Construção).
Com as bases lançadas, durante os anos 80 importantes discussões sobre seu aprimoramento foram levantadas, e Robert Aish, em um artigo seminal, determinou aprimoramentos para uma metodologia que então batizou como o BIM (Building Information Modelling).
Em seu artigo, o autor evocava a importância de utilizar dados paramétricos sobre uma visualização tridimensional, que contivesse um banco de dados relacionais e pudesse ser dividido em fases e compartilhado entre os profissionais que compõem um ciclo completo de produção.
O BIM nos dias atuais
Com os conceitos fundantes dessa metodologia disposto, as principais empresas desse mercado passaram a se desenvolver para elaborar softwares completos, capazes de dar apoio a todas as etapas do ciclo de vida de uma edificação.
Para se ter uma ideia de sua importância, hoje uma série de países já exige, para construções na área pública ou com parte de recursos públicos, que o projeto seja devidamente transformado para a plataforma BIM.
Países como os Estados Unidos, Inglaterra, Noruega, Singapura, Chile, Coréia do Sul e outras potências contam com essas exigências.
No Brasil, o ex-presidente Michel Temer sancionou o Decreto de 5 de Junho de 2017, em que instalava um comitê responsável por avaliar meios de implementar o BIM como estratégia a nível nacional para fomentar sua disseminação.
Apesar de algumas restrições no fluxo de trabalho e da necessidade de uma maior integração, muitas empresas têm dado importantes passos em direção ao emprego das metodologias BIM, transformando seu fluxo de trabalho, além de instituições que têm criado materiais de apoio para que cada vez mais profissionais se especializem nessas ferramentas.
Os benefícios e a importância da metodologia BIM
Existem motivos de sobra pelos quais a metodologia BIM se tornou um padrão nos mercados mais desenvolvidos e também naqueles em franca ascensão:
1. Linguagem compartilhada
A palavra chave que define a metodologia BIM na modernidade é interoperabilidade. Por se tratar de uma aplicação manipulada em todas as fases de um projeto, ela contém diferentes tipos de informações que podem ser adicionadas e extraídas para a função de cada profissional relacionado.
Com isso, a comunicação entre todas as partes se torna altamente transparente, inclusive para governos e o próprio contratante de uma obra.
2. Novo fluxo de trabalho
Por se tratar de uma tecnologia tão ampla, a estrutura dos softwares que operam os modelos BIM ajudam a reorganizar a maneira como cada parte do projeto se relaciona e qual é o ambiente comum compartilhado.
Com isso, o entendimento de todas as partes aumenta sobre diferentes processos, o que dá uma visão cada vez mais ampla das especialidades.
3. Capacidade de atualização dos dados
Por compartilharem uma única plataforma, todas as mudanças realizadas sobre o arquivo ficam visíveis para todas as partes, e é possível fazer diversas retificações de maneira rápida e instantânea, que são atualizadas para todas as partes envolvidas.
Essa é a interoperabilidade garantida pelo alto nível de compatibilidade dos arquivos IFC entre os diferentes tipos de softwares empregados para projetos BIM.
4. Ampla possibilidade de planejamento
Quando dissemos que o BIM vai muito além dos desenhos produzidos em CAD, evocamos o poder da “Informação” dentro da sigla. Nos projetos em BIM é possível fazer modificações muito específicas e transformar automaticamente diversas projeções sobre preço ou material, por exemplo.
Com diferentes níveis de desenvolvimento do projeto, é possível criar uma série de estimativas para clientes, desde preços até uma pré-visualização do empreendimento, o que é fundamental para corretores, por exemplo.
5. Maior controle sobre a execução
É possível organizar as diferentes etapas do projeto de forma simultânea, acompanhando seu andamento, marcando etapas concluídas e as compartilhando, o que é muito importante para oferecer um maior compliance para clientes e governos.
Mais do que controle, há uma maior precisão sobre as atividades, o que ajuda a solucionar problemas e aprender com o processo.
Mais que isso, quanto maior a precisão, menor o tempo dispendido, já que diferentes profissionais podem ir se adiantando aos processos e menor o desperdício de insumos.
Os principais softwares BIM para arquitetos
Atualmente existem dois softwares muito populares que disputam o público no mercado de softwares especializados para arquitetura:
Revit
Um sucessor espiritual do AutoCAD, software seminal da empresa Autodesk, gigante da área que opera até mesmo com capital aberto na Bolsa de Valores.
O Revit é um software exigente em termos de configurações e conta com alta compatibilidade, além de extensões com código aberto, o que faz dele o software favorito para desenvolvedores.
ArchiCAD
Desenvolvido pela Graphsoft, o ArchiCAD tem uma interface mais “clean” e mais simplicidade, muito apreciado por quem está aprendendo a lidar com os softwares da categoria BIM.
Aqui em nosso blog nós já fizemos um post discutindo os dois softwares em profundidade, com diversos comparativos e detalhes sobre suas performances, que você pode conferir a seguir.
SketchUp
Muito se discute sobre o SketchUp ser ou não um software BIM. Mas graças a seus plugins, esse que certamente é o software mais usado por arquitetos, pode ser usado para gerar e visualizar arquivos IFC e fazer algumas edições, então sim, você pode manejar arquivos da categoria BIM quando equipar bem seu aplicativo com plugins.
Muitos arquitetos enviam para nós aqui na On.We seus projetos em IFC, exportados do Sketchup, do Revit e do Archicad, e conseguimos trabalhar bem com estes IFCs, para auxiliar na compatibilização e colaboração que o BIM proporciona. Todos os softwares de engenharia civil que foram desenvolvidos para trabalhar em BIM os projetos complementares, conversam bem com estes três programas mais famosos da arquitetura.
Os arquivos IFC e o Open BIM
Cada um dos softwares que mencionamos tem suas próprias extensões, mas a grande necessidade por interoperabilidade entre os diferentes softwares fez nascer a necessidade do padrão IFC, um formato universal para que todos os softwares e fluxos de trabalho possam se comunicar indiferente do programa de sua preferência.
Os LoDs – Níveis de Desenvolvimento de Modelo
Projetos na extensão BIM podem chegar a grandes níveis de complexidade, tudo de acordo com sua etapa dentro do desenvolvimento.
Em uma escala de 0 a 500, o nível de desenvolvimento de Modelo mede os procedimentos:
- 0: Concepção do produto: levantamento das informações urbanísticas e identificação das principais necessidades da obra;
- 100: Definição do produto: estudo preliminar do projeto, como volume, metragem e afins;
- 200 a 350: Identificação e soluções do projeto. anteprojeto: início dos desenhos, análise de seu desempenho, elaboração da documentação, planejamento e inclusão dos atributos do projeto;
- 400: Detalhamento do projeto: representação virtual dos elementos solicitados
- 500: As built: etapa de licitação, contratação e execução da obra.
A metodologia BIM está crescendo no Brasil, e junto com ela uma nova maneira de pensar e fazer todas as fases da construção civil.
A On We é uma das empresas que abraça essa nova maneira de construir, de maneira moderna, com contato humano e muita tecnologia inteligente para te assessorar em cada passo do seu projeto. E aqui no nosso blog você encontra diversas informações e dicas especiais para transformar seus projetos e ter diversos aprendizados!
Confira também: Casa W – um case de projeto em BIM para residência de alto padrão.